SUAPE PODE TER SIDERÚRGICA RUSSA
INVESTIDORES ASSINARAM PROTOCOLO DE INTENÇÕES DO PROJETO, ESTIMADO EM US$ 2 BILHÕES
Os grupos russos TMK e Commetpron estudam a implantação de uma siderúrgica de aços planos no Complexo Industrial de Suape. O protocolo de intenções com o Governo do Estado foi assinado ontem.
Caso o projeto se concretize, demandará investimentos de aproximadamente US$ 2 bilhões, o mesmo valor previsto para a instalação da refinaria de petróleo que o presidente Lula deve anunciar em julho. A expectativa é a de uma geração de cerca de 8 mil empregos diretos e 16 mil empregos indiretos. O estudo de viabilidade econômica deve ser concluído em até 8 meses, mas tanto representantes do Governo estadual quanto dos russos dão como certa a construção da unidade em Pernambuco.
O projeto está dividido em três etapas. Na primeira, a siderúrgica fabricará matéria-prima para a produção de aço plano. Serão necessários três anos e US$ 600 milhões para a construção da fábrica até este ponto. Na segunda fase serão instaladas linhas de laminadores a quente e a frio. A última etapa vai disponibilizar sortimentos de metais para a indústria de construção. O funcionamento pleno da siderúrgica só deve acontecer após sete anos, informou o Presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Rússia em São Paulo, Antonio Carlos Rosset. Os recursos necessários para a implantação serão russos, de parceiros brasileiros e bancos nacionais.
Faturamento- Os equipamentos devem vir em grande parte da Rússia e da Alemanha. Quando as três fases estiverem concluídas, a fábrica terá capacidade de produzir até três milhões de toneladas anuais. O faturamento pode chegar a US$ 1,5 bilhão por ano. – Esperamos construir uma boa siderúrgica aqui no Estado para judar a desenvolver Pernambuco, resolvendo problemas industriais e sociais-, declarou o diretor geral da Commetpron Sergey B. Vilkin, que participou da assinatura do protocolo de intenções com o diretor técnico da TMK, Klachkov Aleksandr.
Até 100% da produção podem ser exportados, principalmente para clientes dos mercados europeu e norte-americano.
“Temos representantes na Itália, Espanha, Suíça, Alemanha, Estados Unidos”, destacou Aleksandr.
Mas o mais provável é que as vendas externas fiquem em 80% para que a fábrica atenda também o mercado interno. O possível estaleiro da Camargo Corrêa poderá ser um dos compradores do aço produzido pela siderúrgica russa.
Seria algo em torno de 100 mil toneladas de chapas por ano, explicou o vice-presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Rússia em São Paulo, Grigori Israelevich Goldchleger. “Estamos escolhendo o local onde a siderúrgica será instalada”, adiantou o presidente do Porto de Suape, Matheus Antunes. Segundo ele, os empresários informaram que planejam comprar uma área de mil hectares. Como cada hectare custa R$ 40 mil, eles iriam gastar só com o terreno R$ 40 milhões.
Fonte: Diário de Pernambuco- Recife, quinta-feira, 26 de Maio de 2005.
Negociações para o Projeto começaram há seis meses
Governo do Estado analisa possíveis incentivos ao empreendimento
O Secretário Estadual de Desenvolvimento Econômico, Alexandre Valença, comentou que as negociações para a implantação da siderúrgica russa foram iniciadas há cerca de seis meses, Começaram depois que a MHAG Serviços e Mineração anunciou a exportação de minério de ferro por Suape. O produto virá de jazidas do Rio Grande do Norte. Segundo Valença, é uma forma de agregar valor ao produto.
Possíveis incentivos estão sendo analisados pelo Estado.
“Não queríamos que o Estado fosse apenas um entreposto de minério” garantiu o Secretário. O consumo inicial estimado da siderúrgica será de 1,5 milhão de toneladas;ano de minério de ferro. Quando estiver funcionando integralmente, vai requerer até 4,5 milhões de toneladas/ano.
Grigori Israelevich Goldchleger, vice-presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Rússia-SP informou que a fábrica vai necessitar de um fornecimento de 800 mil metros cúbicos de gás natural/dia.
Questionado sobre a possibilidade de o Estado não dispor desse volume ( uma vez que a usina Termo-Pernambuco não produz sua capacidade plena ), o presidente de SUAPE, Matheus Antunes, disse que o problema será resolvido com a construção do Gasene. O gasoduto ligará as regiões Sudeste e Nordeste. Os russos destacaram outras vantagens para a escolha por Pernambuco.
Segundo eles, o custo de mão de obra é mais baixo que na Europa, por exemplo, além das próprias despesas com a construção, já que não será preciso instalar um sistema de aquecimento. “Teremos energia, porto, além de mão de obra qualificada”, destacou Sergey B. Vilkin, diretor geral da Commetpron. Na última terça-feira, Vilkin e Klachkov Aleksandr foram recebidos pelo governador Jarbas Vasconcelos no Palácio do Campo das Princesas.
A TMK é a segunda maior companhia de produção de tubos do mundo e um dos três maiores grupos siderúrgicos da Rússia. Possui seis fábricas, quatro na Rússia e duas na Romênia. Mais de 60% dos tubos para gasoduto e oleodutos das companhias petrolíferas da Rússia saem das fábricas da TMK, que tem 50 mil funcionários e movimenta 6 bilhões por ano. Já a Commetpron é uma assoociação de 21 empresas, fatura US$ 3 bilhões anuais.
Pacote- A siderúrgica é mais um grande projeto anunciado pelo Estado. No mesmo patamar estão a refinaria, o pólo de poliéster e o estaleiro da Camargo Corrêa. Na viagem que fará em julho ao Estado, o presidente Lula deve oficializar o início de outros importantes projetos de infra-estrutura, como a transposição de águas do Rio São Francisco, a ferrovia transnordestina, com seu novo traçado e a instalação de plantas para processar biodiesel. Lula confirmou a visita durante encontro com o governador Jarbas Vasconcelos.
Fonte: Diário de Pernambuco- Recife, quinta-feira, 26 de maio de 2005.
Russos Planejam Investir US$ 1,8 bilhão de Suape
Infra-Estrutura Grupos TMK e Commetpron assinaram protocolo para implantar uma siderúrgica em Suape, que deve estar produzindo em três anos. Os grupos tem 21 unidades industriais
O Porto de Suape poderá receber investimentos de empresérios russos para instalação de uma siderúrgica de aços planos especiais. O investimento poderá ultrapassar a casa de US$ 1,8 bilhão numa primeira fase e chegar a US$ 3 bilhões a depender do mercado internacional, conforme atestaram, ontem, no Recife, o diretor técnico da TMK, Klachkov Aleksandr e o diretor geral da Commetpron, Segey Vilkin. Os dois foram recebidos pelo governador Jarbas Vasconcelos ( PMDB ) na segunda-feira e, ontem a tarde, assinaram protocolo de intenções com o Governo do Estado junto com o Secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado, Alexandre Valença e o presidente do Complexo Industrial e Portuário de Suape, Matheus Antunes.
Os russos pretendem instalar linhas de produção e começar a produzir em três anos. A primeira etapa do projeto, ao custo estimado em US$ 600 milhões, começa imediatamente com a contratação do estudo de viabilidade econômica, já encomendado a paulista ADB Consultoria. A idéia é estar com toda a planta da produção da siderúrgica em pleno funcionamento em sete anos, quando seriam processados 3 milhões de toneladas de minério de ferro, produzindo chapas de um a dois milímetros na linha a quente e outras de espessura de 0,6 milímetros na linha a frio.
O estaleiro da Camargo Corrêa, Petrobrás com seus gasodutos, e o pólo metal-mecânico do Estado estão no topo da lista da demanda local. Os russos, porém, admitem que podem exportar a maior parte da produção. A plena carga, a siderúrgica gerará até 8 mil empregos diretos.
As condições ideais para a implantação de projeto siderúrgica estão em Suape. Proximidade de boa matéria-prima, energia elétrica, disponibilidade de gás natural, mão de obra qualificada e um porto em posição estratégica, resumiu o presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Rússia, Antonio Carlos Rosset Filho, que participou do ato de assinatura de Protocolo.
Os dois grupos somam 21 unidades industriais na Rússia e Romênia. A TMK é especialista na fabricação de materiais em ligas do tipo aço carbono. É a segunda maior produtora de tubos metálicos com e sem solda do mundo. Gera 50 mil empregos e tem um faturamento US$ 5,5 bilhões por ano. A Commetpron trabalha com ligas especiais, algumas sem concorrente no País. É a fornecedora da agência aeroespacial russa- a Rosaviakosmos, e tem um faturamento anual de US$ bilhões. Os dois grupos tem representações na maior parte dos países da Europa e estão com a capacidade de produção- que chega a 5 milhões de toneladas de aço por ano –esgotada.
Minério de ferro virá de jazida do Rio Grande do Norte
A jazida de minério de ferro de Jucurutu ( RN ), da Mhag Mineração, que passará a exportar minério pelo porto de Suape a partir de agosto, poderá ser a primeira opção de abastecimento de matéria-prima para a siderúrgica que os russos pretendem instalar no Estado. O interesse explica o anúncio da Companhia Ferroviária do Nordeste ( CFN ) que pretende investir R$ 60 milhões para recuperar o ramal desde o Rio Grande do Norte até Suape.
Grigori Israelevich Goldchleger, da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Rússia, que acompanhou os executivos, disse que o minério de lá “ é de excelente qualidade”. Outras opção não descartada para viabilizar o projeto é trazer minério de Carajás.
O Diretor-Presidente da Mhag Mineração, Geraldo Carvalho, confirmou ter sido visitado pelos empresários russos em São Paulo. “Expliquei que estamos só começando a exploração e estamos fechados para novas encomendas a curto prazo. Mas como o projeto só deve começar a operar em dois anos, até lá poderemos voltar a conversar”, informou.
Os russos mais que de pressa querem garantias de viabilidade do empreendimento. “Tudo começa a ser negociado a partir de agora. Quando falamos em siderurgia, os números são sempre muito elevados. O processo está apenas começando”, explicou Goldchleger.
Para processar uma tonelada de aço é necessário 1 megawatt de energia. Na etapa final da planta industrial a espectativa é de um consumo de 800 mil metros cúbicos de gás natural por dia.
Fonte: Recife, 26 de Maio de 2005- Quinta-Feira.
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